Alice in Chains - Black Gives Way to Blue (2009)

Alice in Chains. Há de existir algum ser humano que se preze que nunca tenha ouvido falar neste nome? Difícil. Mas mesmo assim, vale uma introdução. Quando estamos falamos de Alice in Chains, tudo vale.

O Alice in Chains é uma banda que nasceu em Seattle, terra do grunge, em 1987. Em um sagrado dia, um jovem vocalista chamado Layne Staley, encontrou com um outro jovem guitarrista chamado Jerry Cantrell, e depois de virarem grandes amigos, revolveram montar uma das maiores bandas da história do rock: O Alice in Chains. Mas a felicidade durou pouco, infelizmente. Em 2002, a namorada do legendário Layne Stayne morreu de uma doença causada pelo uso de drogas, e Layne entrou em uma depressão profunda. Nesse mesmo ano, Staley foi encontrado morto em seu apartamento, vitíma letal de uma overdose, causada por uma mistura tensa de heroína com cocaína, conhecida por Speedball.

A banda lançou apenas três discos durante sua curta carreira, dentre eles o clássico Dirt, de 1992. E é nesse momento que entra o Black Gives Way to Blue, para a felicidade de milhões de fãs inconformados com o suposto fim da banda: depois de nove anos sem nenhum lançamento ou notícia, o Alice in Chains recrutou um novo vocalista, William DuVall, e resolveu resurgir das cinzas com um novo disco.

Até aí tudo ótimo, não há nada melhor que o retorno de uma das bandas mais influentes do século, mas mesmo assim, uma pergunta óbvia estava na ponta da língua de todos: Seria William DuVall capaz de pelo menos chegar aos pés de Layne, já que é impossível superá-lo? É com muita felicidade de um fã que esteve tenso por tanto tempo, que eu vos respondo a esta pergunta: Aconteceu mais do que isso. William não só conseguiu chegar aos pés de Layne, como conseguiu trazer seu espírito e sua vitalidade de volta para todos.

Meus caros, o Alice in Chains vive.

Check My Brain

Junto com o Nirvana, o Alice in Chains foi um dos percurssores do cenário grunge que tomou conta dos anos 90, mas em Black Gives Way to Blue, a banda apostou um pouco mais no new metal, porém sem perder a essência grunge e melancólica que os levou ao sucesso.

O disco veio com guitarras mais distorcidas e pesadas do que nunca, e com uma bateria mais ofegante que um búfalo enfurecido. Os riffs de guitarra foram muito bem construídos, e quando executados pelo mestre da guitarra Jerry Cantrell, orquestram as músicas de uma forma incrível, deixando claro que o bom e velho Alice in Chains, não morreu.

Além da parte instrumental do disco, o principal ponto que deixa isso claro e que me emocionou bastante, foi a questão da voz de William DuVall. O timbre vocal de William e de Layne são parecidíssimos; eu diria até, idênticos. À cada música que é tocada, a sensação de aperto no peito, que nesse caso é boa, vai crescendo cada vez mais. É tão mágico, é tão parecido, é tão real, que por algumas vezes chega-se à crer que é o próprio Layne que está comandando o microfone. A sensação única de quando escuta-se Alice in Chains pode ser facilmente revivida neste disco. É realmente emocionante poder sentir isso tudo de novo. Mas chega de sentimentalismo, vamos voltar ao que interessa...

A música que abre esta pérola, "All Secrets Known", é uma das faixas que mais revive a efervecência grunge do AIC, característica dos primeiros discos. É uma faixa de certa forma lenta e melancólica, do jeito que o Alice in Chains sabe fazer. O disco segue com "Check My Brain", segundo single do disco. O título de melhor riff de guitarra vai com toda certeza para esta maravilha, uma canção viciante, que dessa vez mostra o lado um pouco mais new metal do Alice. "Last of My Kind" é uma faixa mais pesada, com um peso que não encontramos em outras obras da banda. "Your Decision" é uma faixa quase toda acústica, que lembra uma fase mais calma e melódica do Alice, como por exemplo na clássica "Down in A Hole".

"A Looking in View", primeiro single do disco, é um monstro de sete minutos, com um ritmo incansável, gritantes e distorcidas guitarras, e vocais que lembram Layne ao extremo. É com certeza um dos pontos altos do disco. Adjetivo que também se encaixa na próxima faixa, "When the Sun Rose Again", uma canção que tem exóticas influências praianas - sim, isso mesmo. Tambores leves e agradáveis chocalhos, somados ao belo violão fazem talvez dessa a canção mais bonita do disco. Não a melhor, mas a mais bonita, de fato.

"Acid Bubble", outro monstro de (dessa vez quase) sete minutos, é uma faixa híbrida, que alterna momentos calmos e que do nada explode com riffs de guitarra eletrizantes de tirar o fôlego. E o disco fecha com a faixa-título, "Black Gives Way to Blue", uma canção calma ao extremo, quase uma baladinha. Mas acima de tudo, bela e tocante. Fechou o disco brilhantemente.

Confesso que nunca senti tanta dificuldade para terminar um texto. Não por falta de criatividade, mas talvez pela emoção que estou sentindo. O Alice in Chains foi uma das primeiras bandas que eu tive contato desde que comecei à escutar música de verdade, logo, depois de tanto tempo sem notícias e muito menos material novo, é extremamente difícil para mim transcrever em palavras o que se passa em mim no momento. O que eu tenho à dizer, é que Black Gives Way to Blue, conseguiu mexer de verdade comigo, ao ponto de lamentar quando ví que o disco acabara de tocar na primeira vez que o escutei. Foi uma espera muito grande, e uma ansiedade maior ainda, mas o disco em si, quando escutado, dissolve todos esses sentimentos de certa forma ruins que me rondaram por semanas. Black Gives Way to Blue trouxe o espírito do Alice in Chains de volta, e é um dos discos pós-hiato musical de uma banda mais incríveis que já foram lançados. Depois de tanto esperar, depois de tanto se emocionar, só me resta uma última coisa à fazer depois de escutar esta obra de arte: Aplaudí-la de pé.

Alice in Chains - Black Gives Way to Blue (2009)

01 - All Secrets Known

02 - Check My Brain

03 - Last of My Kind

04 - Your Decision

05 - A Looking in View

06 - When the Sun Rose Again

07 - Acid Bubble

08 - Lesson Learned

09 - Take Her Out

10 - Private Hell

11 - Black Gives Way to Blue

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