Final da década de 70, início da década de 80. A banda que melhor caracteriza este período de decadência urbana e paranóia principalmente em cidades inglesas, é com toda certeza o Joy Division, banda que praticamente deu início ao pós punk na Inglaterra. O vocalista desta lenda, Ian Curtis, que cometeu suicídio com apenas 23 anos de idade, deixou um legado que permanece até os dias de hoje. Ian fez uma carreira brilhante, que foi marcada por sua genialidade e por sua incrível e inesquecível voz. Agora vem a pergunta: O que isso tem à ver com o Editors?
Muitas coisas. A primeira delas, que é perceptível desde o primeiro disco da banda, o The Back Room, é a semelhança entre as vozes de Tom Smith e Ian Curtis, que possuem incrivelmente um timbre muito parecido; e a cada vez que escuto Editors, minhas crenças sobre reencarnação, só tendem a subir mais. E olha que não estou exagerando... A banda exerce uma certa influência do Joy Division, não somente na voz, mas também na melodia, que é quase sempre melancólica, triste, e sofrida; bem ao estilo do Joy Division. Porém, agora no lançamento do terceiro disco de estúdio da banda, esta influência tão abundante e tão bem recriada fica muito mais clara, e por sinal, muito mais forte do que antes.
Nos primeiros discos da banda, o som era mais sólido, composto pelos instrumentos convencionais; guitarras mais presentes, uma bateria ágil, e um baixo hipnótico. Aqui em In This Light and On This Evening, a banda resolveu mudar um pouco a essência, para não criar um terceiro disco que soaria idêntico aos outros: diminuíram um pouco a presença da guitarra, e substituíram-na por sintetizadores, criando um disco mais viajado, híbrido, e atmosférico.
Além da grande e notável influência do Joy Division em seu novo disco, o Editors trouxe alguma (pouca, mas perceptível) influência do synth pop, e em algumas canções lembra por exemplo o Depeche Mode, ou até o a-ha. As músicas são compostas por diversas camadas sonoras diferentes, um sinal de maturidade depois de dois discos lançados. Aliás, não é um sinal, é um fato. Essa vontade de expandir os horizontes musicais somada à maturidade que a banda ganhou com o tempo na estrada, faz facilmente de In This Light and On This Evening, o melhor disco da carreira do Editors.
Assim que escutei a voz de Tom na primeira faixa do disco, "In This Light and On This Evening", a faixa-título, meu coração acelerou. Tom canta a música com uma voz mais fechada, mais densa e calma. É uma canção melancólica ao extremo, e de imediato lembra o Joy Division em seu auge. A faixa seguinte, "Bricks and Mortar", tem uma certa influência de outra banda parecida com o Editors, o She Wants Revenge. A introdução da música, uma programação eletrônica minimalista e hipnótica, é a porta de entrada para uma incrível mistura de camadas sonoras criadas por sintetizadores, que fazem o ouvinte viajar em uma das melhores canções do disco com toda certeza.
"Papillon", terceira faixa e primeiro single do disco, mostra a influência synth pop de que falei, e lembra sucessos "noventistas" do Depeche Mode com uma ritmo eletrônico viciante e dançante. "You Don't Know Love", a faixa seguinte, tem o refrão "You don't know love like you used to; you don't feel love like you did before" repetido várias vezes, e isso faz com que essas duas frases não saiam da sua cabeça por nada. Já "The Big Exit", simplismente a música mais bela do disco, não se contenta com o refrão, e prefere que o ouvinte grave sua letra por completo; uma letra melancólica, apaixonada, e que soa como um poema de amor. Agora imagine isso na voz de Tom Smith? Não há como escutá-la sem sentir um arrepio no mínimo.
"The Boxer", sexta faixa do disco, segue uma linha mais calma, mais segura de sí, com um ritmo de bateria fixo e hipnótico, que percorre à risca toda a música. Tem uma linha de piano leve e aconchegante, que dá uma sensação de solidão e quietude; perfeita para dias frios. "Like Treasure" é uma canção de ritmo agradável, bem orquestrada, e acima de tudo, muito bem conduzida pela voz de Tom, que faz desta canção um espetáculo de sensações.
"Eat Raw Meat = Blood Drool" é a música mais "alegre" do disco (se é que isto é possível quando se trata de Editors). Tem um ritmo engraçado e artificial, e se destaca como a "ovelha negra" da banda, por ser diferente tanto dos discos antigos, quanto do atual. E o disco fecha com a magnífica "Walk the Fleet Road", uma música atmosférica, mais baseada em percurssão, uma linha baixa de sintetizadores, e em um coro sonoro criado pelos integrantes da banda, que insere nessa música uma sensação de liberdade, de conquista.
Conquista. Talvez essa seja a palavra-chave do novo disco do Editors. A banda traçou um caminho árduo durante a carreira, e conseguiu criar um disco que superou tudo aquilo que ela já tinha feito até então. In This Light and On This Evening é como uma viagem, é um disco para ser apreciado por inteiro, e não por partes. Não há como evitar a comparação com o Joy Division na música do Editors. Alguns podem levar isso (equivocadamente) como algo negativo, como se a banda simplismente copiasse o que eles fizeram há um tempo atrás. Pelo contrário... Ser comparado com o Joy Division, uma das maiores bandas e influências de todos os tempos, é algo para poucos. Poder dizer que uma banda, em meio a tantas decepções nos anos 00 conseguiu criar algo que chega aos pés de uma lenda, é algo muito bom, é algo único. E é isso que o Editors é. Uma banda única.
Editors - In This Light and On This Evening (2009)
01 - In This Light and On This Evening
02 - Bricks and Mortar
03 - Papillon
04 - You Don't Know Love
05 - The Big Exit
06 - The Boxer
07 - Like Treasure
08 - Eat Raw Meat = Blood Drool
09 - Walk the Fleet Road
Link para download nos comentários.
6 comentários:
Download (320kbps): http:// www .megaupload. com/ ?d=L19U1OUU
É IN THIS LIGHT, NÃO TWILIGHT
Eeeeita, errei feio hahaahaha. Vou consertar...
Download ???, que nada, tô encomendando o meu cd Original, com capa, encarte, letras e tudo que tenho direito hehehehe, não curto disquinhos de mentirinha, os meus são originais hehehehehe !!!!
Ui, morde! SHAUHSUAHUSHAUS
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