MGMT - Congratulations (2010)

Existem duas formas de se olhar para o Congratulations: comparando-o com seu antecessor, o marcante Oracular Spetacular, e/ou estreitanto a vista (por mais que seja quase impossível) para apenas o atual disco. Os hits épicos do álbum de 2007 do duo americano não propagaram suas energias mágicas para seu sucessor - e se você espera encontrar algo como Electric Feel, Time to Pretend ou Kids, passe longe. Eles mudaram de praia. Literalmente.

A neo-psychedelia do debut do MGMT foi praticamente desintegrada. A sonoridade de Congratulations gira em torno de uma espécie de surf rock a là Beach Boys misturado com baixos doces, sintetizadores bem suaves e uma pegada meio folk. Os violões de Andrew VanWyngarden estão presentes durante quase todo o disco, que também conta com suas guitarras bem entoadas e envolventes.

A escolha de criar um álbum sem singles veio logo depois do MGMT declarar que o fato da banda ter crescido de uma forma absurda depois do arrebatador sucesso de seu debut acabou por influenciar seu novo disco: "Somos nós tentando lidar com toda essa loucura que vem acontecendo desde que nosso último álbum decolou." Essa escolha influenciou bastante o novo álbum dos rapazes e o deixou repetitivo e sem os brilhos que encheram nossos olhos e cansaram nossos pés em seu primeiro disco. Depois de certo ponto, Congratulations chega até a ser entendiante devido à tanta mesmice.

Existem ressalvas como a mágica "It's Working", que abre o disco e que é uma das poucas que teriam capacidade para ser de fato um grande single. "Song For Dan Treacy", a faixa que segue, tem uma linha de baixo pulsante enroscada em um sintetizador sessentista que permeia por toda a música que tem um refrão pegajoso. "Flash Delirium" foi a primeira música liberada oficialmente pelo MGMT e mostra descaradamente a influência dos Beach Boys. As guitarras moldadas por backing vocals dão uma cara bem surf rock à música que agrada do começo ao fim. "Brian Eno" é uma faixa ágil e bem humorada, com os teclados assombrosos de Ben Goldwasser ecoando ao fundo da música que é levada pela guitarra de Andrew e por um ritmo sedutor. A última faixa, "Congratulations", chega num ar cansado (o que é o mais puro fato) e vai se mostrando de pouco a pouco mais gostosa de se ouvir do que parece ser de imediato. As outras faixas do disco podem ser descritas em apenas uma palavra: entediantes.

A ideia de construir um álbum para ser ouvido por inteiro, do começo ao fim, naufragou na praia do MGMT. Sim, existem pontos altos no disco, mas a maioria não convence e não empolga. Talvez tentar sair do hype bruscamente não tenha sido o certo a se fazer. Jogar fora dessa forma o nível alcançado por eles mesmos foi um tiro que saiu pela culatra. É melhor eles repensarem o que irão fazer a partir de agora, porque se depender deste álbum, "congratulations" vai ser a última palavra que eles irão escutar daqui em diante.

MGMT - Congratulations (2010)

Nota: 5,4