quarta-feira, 2 de março de 2011

Cor e Movimento #1

Aqueles que acessam o DiscoPops desde a época em que o mesmo entrou no ar (se é que essas pessoas existem) com certeza reconheceram o título desse post. A Cor e Movimento era uma coluna atualizada pela Juliana David, que infelizmente teve de deixar o blog por motivos não-conhecidos. Relembrando, a proposta do espaço era a de publicar semanalmente clipes de bandas e artistas que tinham algo a mais, algumas vezes superando a própria música do vídeo em sua qualidade.

Eis então que, há alguns dias atrás, o nosso querido redator Vítor Guimarães, comandante majoritário da DiscoPops Indica, perguntou se ele daqui pra frente poderia assumir a coluna. Logo de cara topei a ideia e na onda resolvi "reformular" um pouco o conteúdo da pauta. De agora em diante, a Cor e Movimento estará aberta a todos os redatores do site (e também a vocês, leitores, caso queiram dar dicas) onde aqui eles publicarão não só clipes, mas também filmes, documentários e quaisquer outras coisas que envolvam a primeira e a sétima arte e que mereçam ser apreciados.

Para começar essa nova fase da coluna, escolhi escrever sobre um documentário que rondou os quatro cantos da internet em redes sociais dos quatro cantos do mundo na época em que foi divulgado e lançado. Favela On Blast é o nome do projeto que foi arquitetado por Leandro HBL e o nosso querido Diplo, dj/produtor/músico americano e um dos caras mais engraçados do Twitter.

O documentário, que tem cerca de 80 minutos finalizados em 2008, captura o funk nos olhos de quem não conhece a cultura nem seu poder sobre os brasileiros (em suma, os cariocas). Isso tudo se desenrola enquanto os minutos do filme vão rodando e tudo acaba indo muito mais além do que se era esperado: no fim das contas, o registro não se trata apenas e exclusivamente sobre o estilo de música funk ou favela funk, como os americanos o chamam. Ele acaba por fim mostrando como essa sensação corrosiva se manifesta na rotina e no dia-a-dia das pessoas que moram nas favelas e fora delas. É um retrato sobre a cultura em geral do estilo e mostra como tudo evoluiu até chegar ao ponto onde se encontra atualmente desde o começo do movimento que, como poucos devem saber, veio de influências do estilo de música americano Miami Bass.

Não, o funk carioca de forma alguma interessa meus ouvidos, mas é importante ver e analisar diferentes olhares e formas de entender e simplesmente aceitar o que na maioria das vezes se torna um poço de promiscuidade pesada e violência nas letras. Uma vez, um rapaz chamado César que surgiu do nada enquanto eu e alguns amigos fazíamos um luau - e que acabou entrando pra festa -, disse algo parecido com isso: "Se você pensar direito, o funk não é algo necessariamente ruim. As pessoas não vão aos bailes pra pensar sobre a qualidade da música ou se o que as letras dizem tem algo de valor ou não. Elas vão lá pra se divertir e só. Esquecer de tudo e de todos. E o funk é isso... é uma cultura que nasceu pra fazer com que as pessoas simplesmente tenham diversão sem pensar no que está causando a alegria daquele momento".

Obs: o César, que no fim das contas acabou descobrindo junto com os meus amigos que todos tinham amigos em comum, é morador de uma pequena favela no Rio de Janeiro. Ele cresceu ouvindo Nirvana e curte Joy Division.



Só consegui achar o documentário no Youtube dividido em 6 partes. Tá sem a legenda em inglês, o que teoricamente tira um pouco da graça - quem assistiu a premiere de uma semana da Pitchfork sabe - do vídeo. Mas dá pra curtir tudo sem problemas. FÉ EM DEUS DJ!

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