The Big Pink - A Brief History of Love (2009)

Vocês não fazem idéia do sufoco que eu passei para conseguir finalmente o download deste disco. Eu rodei todos os cantos da internet, todos mesmo. Joguei o nome da banda e o nome do disco no Google e saí abrindo todas as páginas que apareciam. Existe há um tempo e já está rodando pela internet um link para download deste disco, mas com qualidade abaixo da decência humana, e quem acompanha o blog sabe que eu sou perfeccionista ao extremo, logo, continuei procurando. Pra quê... Só nessa brincadeirinha, ganhei de brinde pelo menos cinco Trojans, três Spywares, me estressei como nunca, e dormia pouquíssimo de noite, na tentativa - felizmente bem sucedida - de acabar com estas infâmes pragas.

Com a paciência já abaixo de zero, eu finalmente encontrei um torrent ativo que tinha o disco em altíssima qualidade. Em incríveis 15 minutos, eu consegui terminar o download do disco. E para a minha felicidade, todo o meu esforço tinha valido à pena. E como...

A Brief History of Love me surpreendeu de várias formas. Mas a principal delas, foi na "metamorfose" das músicas. Ora melancólicas, ora alegres, as canções se desenvolvem de forma sutil e brilhante através de vários contextos explorados ao longo do disco, principalmente nas letras, que em sua maioria falam tanto de amor no sentido "positivo" da palavra quanto de decepções amorosas, que seria o sentido negativo da palavra no caso.

Além da já citada, outra coisa que me surpreendeu bastante foi a questão instrumental do disco. Como já dito, o disco é metamórfico, não só sentimentalmente, mas também instrumentalmente. Eu pude perceber diversas influências diferentes ao longo do disco. Há uma pequena influência de shoegaze, pequena mas perceptível. Torna-se clara essa influência quando escutamos em algumas das canções os efeitos abstratos e monótonos tanto das guitarras quanto dos sintetizadores. A menos perceptível - porém presente - é a influência da música minimal; mais precisamente, minimal electro.

O Big Pink é uma banda - um duo, melhor dizendo - de Londres, meu futuro país. Eles começaram seu trabalho com o Big Pink em 2007, e é formado pelo talentoso vocalista Robbie Furze e pelo grande tecladista Milo Cordell. A banda vem lançando videoclipes/singles desde 2008, totalizando quatro - sim, quatro mesmo - até agora. Dentre esses quatro, dois deles foram o motivo para eu ter começado minha busca sedentária por este disco internet à dentro.

Um deles, Velvet, é talvez o clipe da canção em que mais há a presença das influências minimal, e além de um dos pontos altos do disco, é também uma das músicas mais melancólicas e com mais presença do shoegaze em sua composição.

Já no segundo, Too Young To Love, há também a presença do minimal - que é mais clara na batida (eletrônica?) da música - e também do shoegaze, juntamente com Velvet, nas guitarras ecoantes. Mas o que chama mesmo à atenção não na música mais sim no clipe, é de fato a fotografia e o próprio vídeo em si, que é simples, mas bem produzido.

Analisando o contexto das músicas, percebi que algumas delas merecem um destaque maior do que o próprio conjunto do disco. Crystal Visions é uma das mais belas, que abre o disco com uma potência que maior seria impossível. Dominos, terceira faixa, é uma das canções que quebra de fato a aura melancólica e angustiante do disco, com uma música de certa forma "alegre" se compararmos ao resto do disco. Love in Vain, faixa seguinte à Dominos, é uma bela canção com um ritmo bem construído, tornando-o confortável e agradável, que junto ao refrão pegajoso e meloso, formam uma verdadeira canção amorosa.

Deixando de lado as brilhantes faixas que já foram comentadas - Velvet e Too Young To Love -, uma outra que merece ser destacada como um dos ápices do disco, é A Brief History of Love, faixa-título, que divide os vocais de Robbie com ninguém mais ninguém menos que Jo Apps, irmã do incrível e polêmico Patrick Wolf, criando uma canção maravilhosa e suave; de fato um dos ápices do álbum. Outra faixa que não posso deixar de comentar, é a última Count Backwards From Ten. É literalmente uma baladinha shoegaze. Violão e guitarra se entrelaçando com os vocais e a bateria brilhantemente, fechando o disco de forma majestosa.

Agora sim analisando o disco como conjunto, fica fácil definí-lo em uma única palavra, que já foi citada anteriormente: metamórfico.

É um disco de fases, que alterna diversos sentimentos nas músicas formando canções altas e baixas, alegres e melancólicas. É um dos discos que merecem destaque no ano de 2009. Não só por ser um belíssimo debut, mas por soar como se fosse um disco de uma banda que já tem décadas de estrada. É um disco maduro, mas fácil de digerir. Vai de fato entrar no meu Top 10 de fim de ano, e com uma atenção minuciosa, com certeza vai entrar no seu.

The Big Pink - A Brief History of Love (2009)

01- Crystal Visions

02 - Too Young To Love

03 - Dominos

04 - Love in Vain

05 - At War With The Sun

06 - Velvet

07 - Golden Pendulum

08 - Frisk

09 - A Brief History of Love

10 - Tonight

11 - Count Backwards From Ten

Link para download nos comentários.