domingo, 4 de outubro de 2009

The Flaming Lips - Embryonic (2009)

Quem achava que o Flaming Lips tinha lançado seu material mais difícil e na maioria das vezes inacessível em 1997 - o Zaireeka -, está enganado; ou apenas ainda não escutou seu novo disco, o tão (desnecessariamente) esperado, Embryonic. A banda, que em 1997 limitou um disco inteiro apenas à quem tivesse quatro aparelhos de som para executar as quatro faces de um mesmo disco ao mesmo tempo para só aí sentir a verdadeira magia da música do álbum, tentou inovar novamente, porém desta vez foi na música, e não em seu formato. Misturando os antigos elementos psicodélicos com a música experimental e botando um pé no noise rock, o Flaming Lips criou, talvez, o pior disco da sua carreira.

Vamos voltar algumas décadas, para explicar melhor a história da música que o Flaming Lips dominou com perfeição até lançar seu atual disco: Em 1967, mais conhecido como o Ano da Psicodelia, bandas que hoje são tidas como lendas, entraram de cabeça nesse novo estilo que surgia, devido à popularização do ácido lisérgico, ou se preferir, o LSD. Entre as bandas de que falei, estão monstros como Os Beatles, Cream, The Doors, The Jimi Hendrix Experience, e a principal, que carregou a psicodelia como a influência principal em sua música durante toda a carreira, o Pink Floyd.

Durante anos, mais precisamente, até seu fim nos anos 00, o Pink Floyd era a principal banda no cenário da psicodelia, mas, após sua separação, o Flaming Lips entrou em cena, e se tornou a banda que deu e dá até hoje continuidade à esse estilo musical com incrível perfeição. Pelo menos até outubro de 2009.

Em Embryonic, o Flaming Lips reduziu notavelmente a psicodelia da qual tão bem reproduzia, e optou por uma gravação no mínimo peculiar que dá um efeito distorcido nas músicas. Desnecessário. Mergulhando no experimentalismo de cabeça e se afogando com o noise rock, o Flaming Lips fechou um disco duplo, com 18 músicas barulhentas, irritantes, e estressantes. Não consegui sentir nenhum contexto no disco; escutei-o 4 vezes e as músicas iam passando sem nenhuma magia, sem aquela incrível magia que encontramos em abundância em clássicos não só da banda mas como da história da música, como por exemplo os discos "The Soft Bulletin" e o "Yoshimi Battles the Pink Robots".

As músicas do Flaming Lips sempre foram muito bem trabalhadas, e isso era óbvio tendo em vista o tempo que demoravam pra sair do estúdio. Camadas e mais camadas sonoras brilhantes, faziam de cada obra que lançavam uma viagem mágica e inesquecível. Agora imagine todo esse brilhantismo sonoro, todas essas camadas alegres e envolventes, transformadas em ruídos irritantes, melodias tensas, e uma granulação no áudio final da faixa difícil de engolir. Imaginou? Pois bem, você acabou de conhecer o novo disco do Flaming Lips.


Quando o disco começa à ser tocado, já de cara se percebe que aqueles não são mais o velho Flaming Lips. O barulho das guitarras que berram em "Convinced of The Hex", já deixa o ouvinte com certas dúvidas à respeito do novo disco da banda. Dúvidas negativas, claro. E essas dúvidas se confirmam na faixa seguinte, "The Sparrow Looks Up at The Machine", canção que começa com um zumbido irritante como se fosse um pernilongo à rondar seus ouvidos, e segue com notas de guitarra que chegam à fazer a cabeça latejar de tão agudas e repetitivas.

"Evil", terceira canção do disco, é uma das pouquíssimas que salvam. É uma música de ritmo calmo, com uma linha de baixo que sustenta e dá leveza à música. E para por aí. A faixa seguinte, "Aquarius Sabotage", dá um susto berrante no ouvinte, iniciando com uma linha voraz de bateria, e um sintetizador no volume máximo. Resultado: barulho desnecessário. "See the Leaves" é outra das poucas que salvam. Seria a melhor do disco se não fosse a forma como foi gravada. Chega a ser irritante a entonação no volume das faixas, que excedem os decibéis apropriados para uma música no mínimo tolerável.

Um dos pontos favoráveis do disco, foi a participação de Karen O, do Yeah Yeah Yeahs, e do MGMT no disco. Apesar de pouco perceptível, Karen O deu uma aura mais carismática em "I Can Be a Frog", uma canção calma e repetitiva - não parece, mas ela é o primeiro single do disco. "Worm Mountain", a música que tem participação do MGMT, outra banda adepta à neo-psicodelia, também não deixou muito clara a participação dos mesmos, e no fim das contas se tornou apenas mais uma música do disco. "Watching the Planets" fecha o disco com mais uma participação da Karen O, que mais uma vez passa despercebida em nossos ouvidos, assim como todo o disco, com excessão de todo o barulho e ruídos que nos mantém acordados. Estressados, mas acordados.

Essa foi a primeira review que eu fiz, na qual eu falo negativamente do disco. O Flaming Lips é uma das bandas que mais admiro e que mais gosto, logo, como um fã assumido, tenho a obrigação de escrever sobre este disco, por mais que não tenha me agradado. Em Embryonic, a desvirtuação da essência de sua música talvez tenha sido o que fez deste disco uma obra desagradável. O Flaming Lips e a psicodelia são como almas gêmeas, não há mais espaço para experimentalismo, e muito menos noise rock. Eu desejo, do fundo do meu coração, que em um futuro próximo, o Flaming Lips volte às suas raízes psicodélicas, e crie mais um disco brilhante e inesquecível, assim como fez durante toda sua maravilhosa carreira. Porque dessa vez, isso não aconteceu; infelizmente.

The Flaming Lips - Embryonic (2009)


01 - Convinced Of The Hex
02 - The Sparrow Looks Up At The Machine
03 - Evil
04 - Aquarius Sabotage
05 - See The Leaves
06 - If
07 - Gemini Syringes
08 - Your Bats
09 - Powerless
10 - The Ego's Last Stand
11 - I Can Be A Frog
12 - Sagittarius Silver Announcement
13 - Worm Mountain
14 - Scorpio Sword
15 - The Impulse
16 - Silver Trembling Hands
17 - Virgo Self-Esteem Broadcast
18 - Watching The Planets

Link para download nos comentários.

3 comentários:

Anônimo disse...

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Tiago Luna disse...

Pior?! Pra mim, um dos melhores!

Mas opinião é isso! Nem eu nem vc estamos errados...rsrsrs

o/

Lucas Lima disse...

Exatamente, é tudo questão de opinião. Eu acho que eles poderiam ter feito melhor nesse disco, mas...

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