Julian Casablancas - Phrazes for the Young (2009)

The Strokes. Uma das bandas mais importantes dos anos 00 - ou quem sabe até a mais importante. Depois de lançar o estonteante Is This It, alguns críticos chegaram a dizer que a banda era "a salvação do rock'n'roll" e tudo mais - mas com o tempo, a banda foi perdendo, mesmo que bem pouquinho, a sua essência mais rocker até lançar seu último disco de estúdio até o presente momento, o diferente (do contexto da banda) First Impressions of Earth, de 2006.

Mais tempo passou e o entrosamento dos membros da banda diminuiu. Como consequência óbvia, vieram os projetos paralelos: Fabrizio Moretti, o baterista brasileiro, se juntou a Binki Shapiro e ao brilhante Rodrigo Amarante para formar o praiano Little Joy; Nikolai Fraiture juntou alguns amigos de infância e formou o belíssimo e folk Nickel Eye; Albert Hammond Jr. lançou dois discos solo, um em 2006 e outro agora em 2008, e Nick Valensi andou meio perdido pela vida, participando apenas do clipe de No One's Better Sake do Little Joy como baterista. E o Julian? O Julian está aqui, com seu primeiro e nada usual trabalho solo.

Quem esperava alguma coisa semelhante aos Strokes, se decepcionou. Ou melhor, se você esperava alguma coisa semelhante aos Strokes de 2001 à 2003, aí sim você se decepcionou. Sim, porque por mais que pequena, há sim uma certa semelhança entre o disco do Casablancas e o First Impressions of Earth. Agora imagine essa pequena semelhança somada à influências eletrônicas, pop, e oitentistas. Imaginou? Pronto, o resultado é o Phrazes for the Young.

Minha primeira impressão a respeito do disco foi sobre sua descontração e despretensão. Ao longo do álbum, dá pra perceber que Julian criou essa obra sem a menor pretensão de que isso se tornasse algo genial ou para marcar época, assim como os Strokes fizeram. A primeira coisa que devemos saber antes de escutar o disco é que não se deve escutar o Phrazes for the Young como se fosse um disco dos Strokes. Devemos pensar em Julian e em seu primeiro trabalho. Só assim você entenderá o disco e conseguirá sentir seu brilho.

A semelhança com o terceiro disco da banda de que falei é notável nas duas primeiras faixas, "Out of the Blue" e "Left & Right in the Dark", sendo que a segunda já mostra outras influências mais pops, com o uso de sintetizadores em alguns momentos. Mas é na já conhecida "11th Dimension" que vem o baque: ritmo eletrônico, sintetizadores de sobra, e nada de Strokes. Estranho?

"4 Chords of the Apocalypse" é uma faixa de ritmo calmo agradável com um sintetizador quase imperceptível no fundo e com uma guitarra mais distorcida do que nas outras canções. "Ludlow St., uma das canções mais bonitas do disco, começa com uma aura de tensão que logo é quebrada pelo ritmo utópico acompanhado de uma bateria eletrônica que nos faz bater palmas. Mas é a também já conhecida "River of Brakelights" que leva o título de melhor canção do disco. Com um refrão viciante e cantado lindamente por Julian, a música também leva alguns pontos eletrônicos em sua composição. "Glass", que começa com tranquilizantes assobios e um ritmo eletrônico, é a faixa mais ambiente e calma do disco, algo que também pode se assemelhar ao menos ao ritmo da (infelizmente) última faixa do disco, a bonita "Tourist".

Se levarmos em conta o histórico de Julian nos Strokes talvez Phrazes for the Young não seja considerado um bom disco. Mas se fecharmos os olhos para seu passado e olharmos para Julian como um artista lançando humildemente seu primeiro disco, conseguiremos facilmente enxergar não a queda de um gênio, mas o nascimento de um músico brilhante que ainda tem muito pela frente. Pelo menos assim espero...

Julian Casablancas - Phrazes for the Young (2009)

01 - Out of the Blue

02 - Left & Right in the Dark

03 - 11th Dimension

04 - 4 Chords of the Apocalypse

05 - Ludlow St.

06 - River of Brakelights

07 - Glass

08 - Tourist

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