Crystal Castles - Crystal Castles (2010)

O fato de Crystal Castles ser o segundo álbum homônimo do duo canadense Crystal Castles pode representar muito mais do que parece. Apesar de grandes músicas e de diferentes caminhos explorados em seu debut, o CC tentou ir além de seus limites e acabou exagerando na sonoridade, com barulhos descomunais e misturando sons definitivamente disformes. A banda volta agora em 2010 com Crystal Castles, o segundo, com um som muito mais definido, bem introsado e acima de tudo mais inteligente, esbanjando confiança e não aquela insegurança e dificuldade para formar um som definitivo.

O óbvio experimentalismo desproporcional de Crystal Castles, o primeiro, que juntava influências do noise, do 8-bit/chiptune, do punk e do glitch, se fez agradável por vezes e extremamente irritante por outras. O exagero e a agressividade presentes na maioria das músicas do duo está muito mais contido e muito melhor distribuído em seu segundo disco, que tem uma cara mais dançante mas que ainda mantêm as vertentes do debut, dessa vez bem articuladas.

Músicas como “Celestica”, “Baptism”, e “Year of Silence” (essa tem até um sample de “Inní mér syngur vitleysyngur” do Sigur Rós) lembram pérolas do primeiro disco como “Untrust Us”, “Crimewave”, e “Vanished”. Juntaram numa mesma panela um clima melancólico com batidas firmes e sintetizadores extremamente sedutores. Um perfeito convite à dança. Outras faixas também trazem de volta o noise exacerbado e agressivo da banda, e uma delas é “Doe Deer”, com seu sintetizador inteligente e extremamente barulhento que mostram que mesmo exagerando a banda conseguiu evoluir seus conceitos musicais e pôr muita originalidade na música, apesar desta ser bem curta para um single.

“Vietnam” representa bem o lado mais pessoal que também consegue ser dançante do Crystal Castles, com ritmos mais reflexivos e tristes levados pela batida pesada ao fundo. “Intimate” é uma música que em breve será remixada por DJ's do mundo todo com seu ritmo forte e alucinante. “I Am Made of Chalk” fecha o disco misturando o lado agressivo da banda com o lado mais calmo e pensativo, alternado as duas faces musicais de forma quase perfeita.

O que fica na mente depois de escutar este disco várias vezes é uma única verdade: a banda evoluiu bastante em dois anos e conseguiu contornar o mal do passado tranformando-o em pura experiência e autoconfiança. Este segundo disco representa o verdadeiro começo da carreira do Crystal Castles. Se antes eles não sabiam o que queriam da vida, agora eles já estão decididos e prontos para decolar; e foi tudo uma questão de evolução. Eles podiam ter cortado o mal pela raíz, mas simplismente deixaram a árvore crescer.

Crystal Castles - Crystal Castles (2010)

Nota: 8,4