terça-feira, 11 de maio de 2010

The National - High Violet (2010)

High Violet não é um álbum para ouvintes impacientes. Se em Alligator (2005) a face melancólica e obscura do National começava a se formar para só se solidificar em Boxer (2007) com perfeição, aqui em High Violet a banda dá o passo adiante, mostrando todas as suas armas post-punk revival e esbanjando seus sentimentos de forma impecável, encorpada, e definitivamente épica.

O diferencial do The National em meio a tantas e boas bandas que levam a onda post-punk como inspiração é sua capacidade incrível de transmitir toda essa mistura sonora de forma genial: a voz inconfundível de Matt Berninger junto da bateria única de Brian Devendorf finalmente abriram alas para as guitarras agora mais presentes, que dão uma carga ainda mais pesada sentimentalmente falando ao disco. Com todo esse armamento sonoro novo, High Violet se torna, nas primeiras audições, uma bolacha quase que por completo incompreensível. Depois de aguçar os ouvidos com as lindas pérolas do disco, tudo fica claro: High Violet não é só um disco difícil. É o melhor disco do The National.


O álbum começa com a belíssima "Terrible Love", envolta nas sombras da guitarra arrastada quase shoegaze da música. A canção é cativante o bastante para ser considerada uma das melhores da banda, sem discussão. Para manter a linha triste e emotiva surge "Sorrow", com sua letra absurdamente linda e forte. É impossível não se arrepiar quando a voz de Matt abre a música. Seu charme vocal irresistível segue intocado em "Anyone's Ghost", outra pérola incrível. A música segue firme ao longo de sua duração e crava em nossas mentes seu refrão pegajoso. Coisa bela.

"Little Faith" começa com os efeitos arranhados, e logo explode em melancolia: a voz de Matt entra mais uma vez pra arrancar de nós um aceleramento quase espontâneo das batidas cardíacas com a linha grave de violinos e violoncelos ao fundo dando o toque especial da música. A declaração extremamente pessoal da canção que segue chega a assustar de tão mútua: "I'm afraid of everyone" dá o toque contínuo para a música que se mantém densa do começo ao fim. Depois dela entra uma das melhores faixas do disco, "Bloodbuzz Ohio", para mais uma vez, acredite se quiser, nos arrancar arrepios. O piano acompanhado da bateria fazem a canção crescer de forma exuberante perante a voz de Berninger, que dá o toque tristonho final à fórmula certeira dessa canção. Mais tocante impossível.


"Runaway" quebra a linha tênue do disco com seu violão calmo, que acompanha Berninger lindamente. "Vanderlyle Crybaby Geeks" começa com uma proposta radical e renovadora: "Leave your home, change your name" começa a música de forma triunfal que vai se mostrando inspiradora, numa tentativa desesperada de mudança imediata. Essa tal mudança que o National propôs representa bem a temática do disco, como se fosse uma nova fase dos músicos, que se mostram indiscutivelmente amadurecidos, mas sem passar do ponto. Depois de tantas audições de High Violet, as sombras se transformam em luz e, finalmente, passamos a conhecer mais intimamente do que nunca o verdadeiro - e mais belo impossível - The National.

The National - High Violet (2010)


Nota: 8,6

3 comentários:

Matheus Lins disse...

Concordo que seja o melhor álbum na discografia do The National. Na verdade, foi o primeiro que genuinamente me cativou. Os anteriores, embora me agradam e possa admirá-los a um nível estético, não se conectam comigo da mesma forma que o HV, que me conquistou logo de cara e só fez crescer em audições subsequentes.

Os destaques são Terrible Love (que me faz cruzar os dedos para a banda se aventurar em mixagens lo-fi novamente no futuro), Afraid of Everyone e Conversation 16, na minha opinião.

Anônimo disse...

Disco sensacional. O The Nationa não decepcionou em nenhum disco até agora.

Com certeza Terrible Love é a grande música do disco. As outras canções são muito bem trabalhadas e com o vocal impecável. Ótimo.

Kelton Gomes disse...

Discaço! The National só melhora.

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