terça-feira, 6 de julho de 2010

Resenha: De Volta Para o Futuro

POSTADO POR LUCAS LIMA - 06/07/2010

1967: o rock psicodélico chega a seu ápice. Tanto bandas novas que estavam surgindo na época quanto bandas já consagradas começaram a explorar mais o clima lisérgico, as guitarras viajantes e o aparato tecnológico disponível na época. A fase psicodélica nos trouxe clássicos como Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band dos Beatles (sério?), The Piper At The Gates of Down do Pink Floyd, o auto-intitulado do The Doors e muitos outros álbuns que marcaram a música para sempre.

Sim, mas isso foi há mais de 40 anos atrás... Como seria se essa revolução acontecesse hoje, em 2010, com a tecnologia em seu momento mais extraordinário e com a "facilidade" de criação musical? O debut do Tame Impala, Innerspeaker, capta bem essa mensagem e traz para 2010 tudo o que aconteceu há exatos 43 anos atrás, só que dessa vez com toda uma roupagem contemporânea, que leva pedais de guitarra alucinantes, uma produção digna de medalha de honra ao mérito e, o melhor, fazendo tudo isso sem soarem pré-datados.



O clima em si das canções de Innerspeaker não muda muito durante as 11 músicas do disco e seus mais de 50 minutos. A bateria, sempre pulsante e firme, é guiada pela linha de baixo versátil que é envolta numa capa de alucinações: a maioria dos efeitos que se veem no disco foram feitos apenas com as guitarras de Kevin Parker, também vocalista, e Dominic Simper, também tecladista. Nada foi muito enfeitado, o que abre um espaço maior para o talento dos músicos.

Talento que se põe à prova “It's Not Meant To Be” e “Alter Ego”. A primeira, dona de um ritmo viciante, joga um delay na voz de Kevin e vai crescendo majestosamente até seu fim flutuante e confuso. A segunda, apoiada na bateria forte que parece levitar sobre sintetizadores sedosos ao fundo, causa um arrepio de imediato quando Kevin solta sua voz pura: o timbre, incrivelmente parecido com o de sir John Lennon, evoca a década de 60 com seu clima denso e reflexivo.


“Why Won't You Make Up Your Mind?”, quinta faixa do disco, começa com a bateria compassada e uma guitarra toda trabalhada nos efeitos lisérgicos. Logo depois sintetizadores ácidos tomam conta da canção que é envolta em magia e abre caminho para “Solitude is Bliss”, uma música solar e extrovertida. Logo na sequência vem o ponto mais alto da montanha-russa: “Jeremy's Storm”, uma majestosa faixa instrumental que vai crescendo por entre o belo e memorável arranjo de guitarra, alcançando um clímax cheio de sintetizadores e efeitos alucinógenos.

“Expectation”, uma das melhores do disco, segue a mesma linha das faixas anteriores, mas extende suas estranhezas sonoras para 6 minutos, assim como “Runaway, Houses, City, Clouds”, um monstro de 7 minutos que relaxa um pouco na instrumentação e entope a voz de Kevin com vocoders, mas se salva no belo arranjo de baixo. A obra termina com “I Don't Really Mind” e seu refrão pegajoso “but I don't, really mind”. Esta também é a música que mais conta com a força dos sintetizadores ácidos que criam uma parede sonora forte e viajante. Uma maravilha.



Se em 1967 o mundo ficou espantado com a revolução que ocorreu nos estúdios e consequentemente na ampliação e opção sonora dos discos, aqui o Tame Impala volta no tempo, tira um retrato desse contexto histórico da música, traz de volta para os dias atuais e faz uma remodelagem convincente e bem sucedida. Sim, clichê, mas Innerspeaker é uma boa prova de que o bom e velho rock'n'roll não morreu. Evoluiu.

Tame Impala - Innerspeaker (2010)


Nota: 9,1

1 comentários:

Anônimo disse...

ta te puxando ein, doutor? várias bandinha boa ta passando pra nóis ae. pode crer...

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