terça-feira, 10 de agosto de 2010

Resenha: Camaleão Eletrônico

POSTADO POR LUCAS LIMA - 10/08/2010

Skream é, talvez, o homem mais importante e influente da cena do dubstep. Pra quem não sabe, o dubstep é um dos milhares de subgêneros da música eletrônica; é geralmente instrumental e foca em texturas sórdidas, ácidas e densas em seus sintetizadores principais. O estilo traz um pouco dos arranjos eletrônicos descolados do grime e os funde ao dub oitentista e ao 2-step londrino. O resultado é um som agressivo, bem-estruturado e dançante. A única ressalva é que quase sempre, pelo menos nos discos que passaram por mim, o produto final se torna repetitivo e cansativo nos termos de um álbum, e o que salva é a inovação. É aí que entra o novo lançamento de Skream: Outside the Box.

O que Oliver (nome real do Skream) fez foi bem simples: trabalhou novas tendências em cima do próprio dubstep, trazendo novos elementos sólidos e também vozes; mesclou uma aura pop irresistivelmente dançante nas melodias; trouxe novos elementos para o disco além do dubstep como o 8-bit; e, como de praxe, criou arranjos geniais dentro do dubstep mais cru. Estratégia ou não, essas medidas fizerem do disco uma bolacha muito mais digerível não só para seu público fiel mas também para novos aventureiros que navegam diariamente por entre as entranhas da cena eletrônica.


"Perforated" abre o disco viajando pelos nossos tímpanos com suas paredes ocas e sedosas de sons que vão se entrelaçando até a entrada de "8-Bit Baby", com sua batida seca e a participação do rapper Murs. "CPU", faixa que segue, vem hipnotizando todos à sua frente com o sintetizador ácido e crescente ao fundo de seu vocoder robótico. "Where You Should Be" e "How Real", que contam com as participações de Sam Frank e Freckles respectivamente, trazem ambas uma cara mais pop e começam só agora a mostrar os sinais do dubstep lenta e graciosamente.

A espera acabou: os fãs que aguardavam ansiosos a chegada do ápice de Skream finalmente se saciam com a incrível e instrumental "Fiels of Emotion". A linha de sintetizadores tão esperada desliza pelo som como um boomerang e espirra sua magia direto contra a parede nervosa dos nossos ouvidos. Uma espécie de trompete eletrônico dá o tom para a faixa seguinte, "I Love the Way", com uma pegada pop surpreendentemente sombia. "Listenin' to The Records On My Wall" leva o título de faixa-mutante do disco: a canção mistura em seus pouco mais de 3 minutos uma base claramente dubstep com uma batida agressiva à la The Prodigy em seu último e maravilhoso disco e ainda consegue jogar uma pitada de 8-bit no caldeirão.


Um bom ouvinte já ficaria satisfeito com o que já ouviu, mas, como eu disse, talvez calculadamente, o melhor ainda está por vir: a faixa seguinte, "Wibbler", já de imediato a melhor do disco, brinca com o peso lisérgico e extremamente hipnótico de sua linha de baixo grime/dubstep e deixa Rusko e seu recente lançamento, O.M.G.!, com o rabo entre as pernas. Passada a euforia apoteótica, "Metamorphosis" dá um descanso aos ouvidos destruídos do ouvinte e logo em seguida chega a doce e sedosa "Finally", com a participação ilustre de La Roux, revelação no ano passado. "The Epic Last Song", nem tão épica assim, fecha a obra com seu ritmo ágil e traz de volta a aura violenta do The Prodigy.

Outside the Box é, em suma, um disco agradável que passeia graciosamente pelos confins inexplorados da música eletrônica sob o comando do inegável mestre Skream. As melodias surtiram um efeito doce e nem um pouco rústico, fechando um álbum que mostra a multifacetada arte de Oliver. Depois de uma viagem dessas, não há quem negue: Oliver Jones, nosso querido Skream, é um verdadeiro camaleão da música eletrônica. Vida longa ao rei!

Skream - Outside the Box (2010)


Nota: 8,3

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