quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Dicas do Gus: Crocodiles - Sleep Forever [2010]

POSTADO POR GUSTAVO MEIRELLES - 16/09/2010

É duro de entender a intenção artística dos Crocodiles. Talvez eles façam um rock cativante que encontrou alguma admiração na internet e sua música agrega, descaradamente, além de melodias pop clássicas, uma forte aproximação do Jesus and Mary Chain de 1989. E eu não quero dizer que os membros da banda Charles Rowell e Brandon Welchez são apenas influenciados ou inspirados pelo JAMC, mas sim que eles realmente fotocopiaram sua melodia e a estatelaram em sua própria música. Agora, eu também não estou sugerindo que as bandas em geral não tenham ideias a partir de outras ideias já formadas (porque isso é bem corriqueiro) e que para cada novo grupo é necessário se espelhar em algo, mesmo que isso ecoe sem ser totalmente original (o que é impossível). Mas roubo é roubo e se originalidade fosse o teste, os Crocodiles seriam expulsos por plágio.

Então porque é que se interessam por estes gajos? Bem, eles estiveram na famosa listinha de final de ano em 2008 e, infelizmente, é tudo que é preciso para construir um zumbido nos dias de hoje - uma referência de um conhecido grupo e você é o Wavves do dia seguinte. Isso não é totalmente um sinônimo de culpa, mas não colocou em exposição o absurdo da comunidade de música na internet e o interminável espaço nessa corrida indiscriminada para encontrar o novo hit da próxima banda. Em qualquer caso, não faz muito sentido comparar este grupo com os pop-ruídos que estão sendo considerados em conjunto porque, bem, eles não são muito barulhentos. Fora do guincho e da batida distorcida sobre o jeito JAMC de ser, o que os Crocodiles fazem em seu segundo disco, Sleep Forever, é realmente espantoso em como o som cru do debut deu lugar a uma sonoridade quase limpa.


A bolacha inicia com a crescente sonoridade de "Mirrors", até ganhar o vigor necessário para explodir em ondas psicodélicas difusas. O ápice caótico do mantra "Stoned to Death" conduz até uma flutuação de sentidos, mas acredite, você ainda não irá viajar com isso porque com as batidas secas, graves e soturnas de "Hollow Hollow Eyes" não há tempo para meditação. O tom viajante do disco só se dá em "Girl In Black", uma quase missa de sétimo dia pela perda da garota no escuro onde as batidas cool fresh e refrões pegajosos do single "Sleep Forever" não dão break.

"Billy Speed" é a balada quebrada e suja do disco - exatamente a cara dos Crocodiles no álbum anterior e um retrocesso que não chega necessariamente a soar ruim. "Hearts of Love" não me faz tirar da cabeça o jeito Surfer Blood de fazer música; a linha sonora das duas bandas é muito parecida em alguns pontos. De qualquer forma, qualquer semelhança é mera coincidência.


Depois de denotar certo amadurecimento por parte dos caras, Sleep Forever segue em um caminho nem tão oposto assim ao do debut, Summer of Hate. O stoner rock psicótico não se faz elemento principal e isso é evidenciado na faixa de nome monstro que encerra o álbum, "All My Hate and My Hexes Are For You".

E por fim, os répteis conseguem deixar ainda mais notória a sua compatibilidade com o Jesus and Mary Chain - não é ruim ressuscitar os clássicos, mas nunca é demais recomendar moderação numa empreitada como esta.

Crocodiles - Sleep Forever (2010)


Nota: 6,0

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