quarta-feira, 27 de abril de 2011

Secos e Molhados

Em 2007, quando o Battles lançou seu primeiro disco, Mirrored, o fervor por parte da mídia e do público foi enorme – não só por essa obra, mas também por outras pérolas como Person Pitch, do Panda Bear, e Untrue, do Burial. Afinal, quem não queimou alguns neurônios com tanta música boa sendo lançada na época?

O math-rock experimental e grandioso que se desenrola em Mirrored, sempre ascendente e extremamente técnico, deu o título ao Battles de uma das bandas mais interessantes e promissoras da década. Foram necessários quatro anos – em meio sumiços e, inclusive, a saída do vocalista e mente principal do grupo Tyondai Braxton – para que um novo conjunto de músicas fosse preparado e, enfim, lançado aos nossos ouvidos. A descaracterização do som do grupo, esperada por muitos, não necessariamente aconteceu. Concordem ou não, estamos falando de um novo Battles.

O que mudou nesse período e ficou evidente em Gloss Drop foi um certo distanciamento das melodias minimalistas e crescentes do debut, além da adição de artistas que comandam o microfone em algumas faixas, tais como Gary Numan em “My Machines”, sem dúvidas um dos melhores momentos do disco, Matias Aguayo em “Ice Cream”, primeiro, ótimo e ensolarado single da bolacha, entre outros. Nas instrumentais, nota-se uma estética melódica mais envolvente e úmida que as de Mirrored, mais diretas e secas. Apesar das mudanças (as quais chamaremos aqui de amadurecimento), Gloss Drop renova suas energias e ideias a cada canção, tornando-se uma obra rica em novos aspectos sonoros explorados pelo Battles.

Tudo isso fica evidente em músicas como “Africastle” e “Inchworm”, ambas com um introsamento músico-instrumento extraordinário, com destaque ao baterista John Stanier e suas mãos agraciadas. “Wall Street” é uma das mais aceleradas do disco e talvez seja a única faixa que se ajustaria (com dificuldade, admito) a Mirrored. Resquícios da engenhosidade elevada pouco a pouco em meio aos minutos das primeiras músicas do Battles aparecem em “Futura” e “White Electric”, que começam num ritmo desacelerado e terminam num frenesi de instrumentos.

Concluindo a obra, “Sundome”, a mais longa do disco e que ainda conta com a participação de Yamantaka Eye nos vocais, transmite seriedade e uma sensação de dever cumprido. Imagino que, mesmo com os anos e possíveis novos trabalhos, o Battles não conseguirá superar Mirrored. Tolo é quem acredita que Tyondai Braxton não fez falta a banda. Fez sim. Mas, como eu já disse, estamos falando de um novo Battles. E sim, desse novo Battles podemos esperar muito.




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