quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Entrevistando: Os Marsupiais

É com muito prazer que começo essa nova coluna aqui no DiscoPops com uma entrevista extremamente extrovertida que tive com uma banda carioca que começou há pouco tempo na música, pelo menos em parte. Estou falando da banda Os Marsupiais, um quinteto formado por Cayo (vocal, teclado), Esther (guitarra, vocal), Vítor (guitarra, vocal), André (baixo), e Igor (bateria). A banda saiu do papel há cerca de um mês, e fez seu primeiro show ao vivo no dia 19/09, no Empório, Ipanema, e contou com um setlist formado por covers um tanto heterogêneos. E essa é a proposta da banda, deixar a música fluir, misturando diversos estilos musicais, criando um som sem limites. E como diz Cayo em seu projeto paralelo de rap, o 7F, "O céu não é o limite".

Foto da banda por Tatiana Almeida

*Entrevista apenas com Cayo, André, e Esther. Os outros integrantes infelizmente não puderam participar; mas tá valendo.

Como surgiu a idéia de formar uma banda?
Cayo: Bom, a idéia veio de mim; eu faço música a bastante tempo, mas sempre fiz rap, rimava em baterias eletrônicas com samples. Vim de um outro projeto, chamado 7F, o qual já até lançou um EP com 7 faixas. Eu fiquei afim de buscar algo com mais musicalidade, e então, tive a idéia de formar uma banda, e chamei o André para ser baixista.
André: Depois que o Cayo me chamou, logo em seguida eu pensei na Esther pra ser a guitarrista. Só que tinha um porém: Ela estava fazendo intercâmbio na Austrália, e só ia voltar 6 meses depois, aí ficou por isso mesmo. Por 6 meses, vocalista, baixista e uma guitarrista afastada. Ficamos um tempo pra decidir o baterista, e por uma série de motivos, escolhemos o Igor.
Esther: Bem, pra fechar o que o André tá explicando, eu acho que tudo acontece por um motivo, mesmo as escolhas, e o fechamento final da banda com adição do Vítor para ser o segundo guitarrista (não sei se ele já foi citado). Isso trouxe uma química maneiríssima, pelo fato de todo mundo se dar muito bem. Eu pessoalmente acho que não poderia ter sido melhor; algo combinou entre todos nós.

Então a banda era formada primariamente apenas pelo Cayo, André, Esther, e Igor?
Cayo: Sim, e sem ensair, ficamos em Stand By esperando a Esther voltar da Austrália.
Esther: Eu acho que isso acrescentou muito porque por 6 meses, nós trocamos idéias, então quando a banda tava pronta pra ser posta em prática, já tinhamos uma boa idéia da nossa proposta.

Entendi, bem legal a história. E a banda começou há quanto tempo?
Esther: Por incrível que pareça, há pouco menos de um mês (risos).
André: É, há umas três semanas.
Cayo: Acho que começou mesmo no mês passado. Primeiro a gente escolheu os covers, depois fomos pro estúdio ensaiar - e isso já com um show marcado, sendo que nós ainda nem tínhamos tocado juntos.

Entendo. E agora uma pergunta que eu estou louco pra saber a resposta, é o porquê do nome "Os Marsupiais" (risos).
André: Cayo e Esther, expliquem-se (risos).
Esther: Então, (risos), eu andava com um grupo na escola que era muito diferente, muito original, e era motivo de zoações. Por serem tão diferentes, chamavam eles de "The Marsupials".
Cayo: Bom, se dá esse nome, porque é uma classe de animais bem diferentes (pra você ter uma idéia, o coala não bebe água!). Acho que todos nós somos diferentes. O nome da banda acabou surgindo numa conversa de msn entre eu e Esther, com influência dela já estar la na Austrália.
Esther: Pelo fato dos marsupiais australianos serem uma espécie única. Tipo, realmente é um bicho bizarro que não tem igual.

(Risos) Entendi. Bem original. E como vocês da banda se conheceram?
Esther: Conheci o Cayo pelo André, através do nosso querido chucrute (orkut). O André eu conheci através do meu grupo de amigos.
André: Eu conheci o Cayo e o Igor através de amigos em comum, o Vítor pelo Cayo, e a Esther eu conheci na casa de uma amiga também em comum.
Cayo: Bom, eu e André, nos conhecemos ano passado, num aniversário de um amigo em comum nosso. Eu conheci a Esther pela internet, quando o André me apresentou. O Igor eu também conheci pelo André, num show do Móveis. E o Vítor é meu amigo a muito tempo, e pra provar como sou nerd, também conheci ele pela internet. Conheci o Vítor em 2005, numa comunidade de Harry Potter; ele morava em Campos dos Goytacazes, e veio para o Rio pra fazer faculdade de Engenharia na UFRJ esse ano, e sempre fomos muito amigos, sempre sonhávamos em montar uma banda, e esse ano, isso acabou se realizando.

(Risos) Muita boa essa química pela internet.
Cayo: Maldita inclusão digital, mas querendo ou não, ajudou a formar nossa banda! Até porque eu falei da banda com o André também pela internet.
André: Verdade, verdade. E a Esther foi chamada pra banda, também pela internet.
Esther: E soubemos do nosso show, também pela internet!
André: Não, o show não foi pela internet (risos).


(Risos) Bom, agora eu queria falar com vocês à respeito do show no Empório. Queria saber como foi a experiência de tocar ao vivo pela primeira vez, para um público que estava mega animado (vide vídeos do show)?
Cayo: Bom, eu já tinha feito outros shows, com meu grupo 7F, e também ja fiz bastante batalhas de rap em diversos lugares. Mas a noite do dia 19 foi uma estréia pra todo mundo, além de ser o primeiro show do Marsupiais, era a primeira vez que eu fazia covers (sempre cantei minhas músicas) e vocais com melodia. Acho que a minha caminhada no rap acabou me ajudando a ganhar presença de palco, e comandar a platéia como se fosse um MC (porque eu sou um MC, vide batalhas, rimas de improviso, e tudo mais). Eu também acredito que quando eu estou no palco, eu liberto a minha mente, aquele é um momento meu, e todos estão me escutando, estou sentindo a música. E as preocupações são deixadas de lado. Quem dera se a vida fosse um show.
Esther: Pra mim foi uma experiência inédita já que nunca tinha tocado ao vivo com uma banda, pra um público daquele tipo. Foi interessante notar a reação das pessoas, que esqueciam que a banda era composta de seres humanos e ouviam só a música, que todo mundo gostava. O show foi um momento muito feliz, pelo apoio de todo mundo que compareceu, por ver que o público tava realmente impressionado com o desenvolvimento da banda.
André: Foi fantástico! É maravilhoso tocar uma música e ver o povo interagindo com a sua banda, cantando as músicas, fazendo rodinhas. Por isso em vários momentos eu ficava rindo, extremamente feliz pelo o que estava acontecendo na minha frente. Mas foi tenso o momento anterior ao show propriamente dito. Faltaram certos materiais, mas foi tudo compensado momentos depois.
Cayo: Sim, não tinhamos pedaleira, a guitarra do Vítor estava em Campos - ele tocou com uma guitarra emprestada - e o Igor tocou sem um prato! E não vou esquecer de falar que uma das cordas da suposta guitarra do Vítor arrebentou no dia da apresentação! (Risos) Isso, umas quatro horas antes do show. Tivemos que correr mais do que o Sonic pra derrotar o Robotinik, mas conseguimos! (Risos)

(Risos) Bom, agora uma pergunta que eu sempre faço para bandas iniciantes: Essa experiência do primeiro show, toda aquela euforia e etc, incentivou voces à levar a música para o lado profissional, ou vocês pretendem seguir outras carreiras e deixar a música apenas como uma forma de descontração entre amigos?
Esther: Pra mim é um sentimento ambíguo. Eu me senti muito bem, e na hora pensei que poderia na boa fazer aquilo da minha carreira. Mas infelizmente eu não vou assumir a batalha de um músico na cena musical de hoje. Pretendo seguir algo paralelo, e a música sempre vai estar aí sendo levada a sério, mas não tao a sério!
André: Os dois talvez. Não tão profissional pra ter que deixar profissão, faculdade, e escola de lado. Mas também não tão de amigos, só pra brincar.
Cayo: Eu sempre levei a música a sério. Escrevo letras desde os 14 anos de idade. Como já citei antes, já gravei trabalhos, tenho milhões de planos e projetos paralelos, mas sempre fiz isso por amor. Acredito que se algum dia, puder ganhar a vida com isso, vai ser um sonho realizado. Infelizmente, a música aqui no Brasil não tem uma cena tão extensa quanto a dos EUA, até mesmo pelo fato da nossa televisão divulgar muito mais a cultura estrangeira do que a nossa... Isso acaba diminuindo o espaço de bandas brasileiras que conseguem alcançar o tão almejado sonho de viver da música, que querendo ou não, é o que todo músico sonha. É um caminho cheio de pedras e desafios, mas eu sempre acreditei que é impossível existir o impossível. Vamos ver como vai ser a caminhada, não podemos prever o futuro, mas podemos deixar acontecer!

Entendo. É um pouco cedo pra afirmar isso, não é? Bom, aproveitando essa deixa, já que você disse que escreve, Cayo, vocês já tem músicas próprias prontas, ou pretendem continuar por um tempo só com covers?
Cayo: A gente tá compondo, já temos algumas letras prontas, e muitos planos. Já temos algumas composições instrumentais também. Acredito que muito em breve estaremos com material da banda pronto, pra tocar nos shows. E acredito que em breve, deve sair uma demo, já que todos andam motivados e empolgados com o projeto.

Então vocês já planejam algumas demos, um EP, ou quem sabe até um disco?
André: Sim, bastante em breve. Até o final do ano, acredito que pelo menos uma ou duas músicas, já estarão prontas - ou até mais.
Cayo: Vamos ver, estamos primeiro compondo as músicas. Acredito que o que venha a nascer agora, seja uma DEMO ou um EP, porque um disco exige um conceito e tem de ser mais trabalhado, e isso tem processo mais complicado. Como estamos começando, acredito que em breve rolará uma DEMO ou um EP.

Que ótimo! Então, que tipo de sons e influências vocês pretendem seguir? Há alguma banda em especial na qual vocês se inspiram que irá influenciar bastante no som de vocês?
Esther: Eu acho que cada integrante traz várias influências diversas. Desde Chico Buarque e Móveis, vindo do Vítor, até o Arctic Monkeys e o rap.

Interessante. Então é bem misturado mesmo, certo?
Esther: Bastante. Basta observar a nossa setlist do show do Empório. Fomos do Gorillaz ao Offspring.
Cayo: A gente contou com uma set-list bem variada, que foi composta por White Stripes, Offspring, Green Day, Gorillaz e Blur. Bem variada, e a gente planeja seguir nesse ritmo. Eu, por exemplo, gosto muito de ouvir Rap nacional e gringo, Kanye West, Kid Cudi, Lupe Fiasco, F2L, o meu grupo mesmo, 7F, o Fluxo. Ouço também bastante Trip Hop e música experimental (Gorillaz, Portishead, The Octopus Project, UNKLE). Ouço também rock alternativo, de Beatles até Linkin Park, passando por Radiohead e Pink Floyd. E do rock nacional, gosto bastante de Los Hermanos, Móveis Coloniais de Acajú e Medulla.

Interessante... E você André, curte o que?
André: Sou bastante eclético, gosto de basicamente qualquer coisa, mas eu atualmente estou numa fase bastante nacional da minha vida, estou ouvindo muitas bandas independentes do Brasil, principalmente do Sul (Faichecleres, Cachorro Grande) e de Brasília (Móveis, Raimundos); curto também algumas do Sudeste (Los Hermanos, Moptop). Mas também gosto de Metal, Punk, etc.
Cayo: O Vítor gosta bastante de MPB e Rock Britânico, assim como todos da banda, ele é eclético.
André: Acredito que o Igor goste bastante de Punk Rock, Ska e New Metal.

Entendo. E você Esther, tem alguma banda que te influencie bastante?
Esther: Eu vario entre Bloc Party, Foals, The Killers, AC/DC, White Stripes, Mutantes, Chico Buarque, Legião Urbana, Cazuza, Dire Straits, Elvis, Johnny Cash, Arctic Monkeys, Móveis, Green Day, Angels & Airwaves, e U2. Mas na guitarra em particular, eu destacaria o Bloc Party.

Certo. Vocês já tem em mente algum show pra daqui a pouco tempo?
André: Então, a gente conseguiu esse show, porque um amigo meu, da banda The Kölles, arranjou esse contato pra gente, que ligou pra mim um dia nos chamando pra esse show. E depois do show do Empório, o Daniel (o contato) arranjou outro contato pra gente, então acho que em breve, novembro, dezembro, talvez role outro show.

Tomara que sim. Bom, agora pra fechar a entrevista, eu queria saber como vocês se imaginam daqui a 10 anos. Quais são as pretensões e os objetivos que vocês sonham em alcançar como banda?
Esther: Acho que o projeto central da banda é inovar. Fazer qualquer pessoa enxergar tudo de uma maneira original, diferente.
Cayo: Bom, se tudo der certo, imagino o Marsupiais lançando ótimos discos para fazer você refletir, fazendo ótimos shows para vocês se entreterem, e como fazemos agora, fazendo o projeto andar com muita amizade, dedicação e trabalho. Trabalhos diferentes e originais, como a Esther falou. Mas melhor que ficar adivinhando, é a gente deixar rolar e continuar trabalhando nesse clima bom que estamos. Nada de menos, nada demais. Somos só... Os Marsupiais.


Contatos:
Cayo: (21) 8896-8376
André: (21) 9853-2708

Links:

Blogs:

Esta foi uma entrevista realizada por Lucas Lima, no dia 23/09/09.

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